Uma luz brilha. Brilha intensamente. Uma luz tão forte que ofusca, que machuca, angustia. Mas não está no espaço, não; está na alma e ao chegar à margem se desfaz em lágrimas. Esta luz profunda rompe barreiras, vem dilacerando, doendo, rasgando, trazendo concentrada em si Aquele cuja vida foi uma página de Amor fazendo com que pensemos no aniversariante, afinal se é Ele quem aniversaria, por que somos nós quem recebemos presentes?
Nesta noite profunda, neste momento profundo de intensa intimidade conosco, quando estamos sós, frente a frente, com o nosso EU, despojados, nus, a Luz toma conta de nós, vem à tona e nos torna e/ou transforma num facho ardente e se espalha, se derrama por toda esta ilha. Mas mesmo quando estamos acompanhados, falando, rindo, cumprimentando nossos amigos, as pessoas que amamos, os conhecidos e até os desconhecidos, mesmo neste momento, lá num cantinho da alma, atrás dessa camada de alegria fácil, a luz brilha, machuca.
Em tudo e em todos a Luz está presente; quando oferecemos presentes, cartões, quando abraçamos, beijamos, quando desejamos felicidades e quando esses gestos são puros sinceros e vividos com emoção a Luz brilha tão intensa que chega a sufocar.
E impossível esquecê-la. Ela é tão forte, tão dominadora que nos faz tremer corpo e alma qual terra abalada em suas estruturas, gritando seu significado mais puro, mais verdadeiro, revolvendo com furor as entranhas.
E nos entregamos por completo, sem resistências e essa Luz cresce...cresce...cresce e se espalha trazendo ondas de ternura, dor, esperança, desespero, felicidade, angústia, sofrimento, uma louca alegria, uma confusão de sentimentos misturados e vividos com uma emoção tão forte que chega doer quando estas ondas atingem a margem e se derramam em lágrimas, banhando esta ilha que procura outras ilhas que a compreenda e “viva” também o verdadeiro significado desse dia.
A noite é mais propícia à agitação de águas interiores, por isso é à noite que a tempestade desencadeia mais violenta e chega ao auge. Durante o dia permanece numa espécie de calmaria; latente, mas calma. É o prenúncio da tempestade ou a ressaca depois dela. Mas a Luz, a Luz não se apaga. Nunca. Às vezes brilha mais forte, mais intensa, outras vezes, mais suave. Mas brilha sempre. Feliz Natal!
