terça-feira, 21 de maio de 2013

Risos e Lágrimas




                 Rir é  bom, oxigena  a   mente, libera as  tensões, chorar...bem, chorar nos deixa um travo amargo na garganta, escurece o semblante.
                 Rir alegra o rosto, coloca um brilho no olhar, faz o sangue circular, Chorar. Chorar incha os olhos, deixa o rosto vermelho e intumescido.
                  Rir irradia energia  positiva, atrai os anjos. Chorar irradia energia negativa, afasta  os  anjos.  Risos  e  Lágrimas.  Antagônicos  e  tão  radicalmente diferenciados. Mas...será tão simples assim, ou melhor, tão simplista assim estas definições?
                  Rir significa alegria, felicidade. Chorar significa tristeza, infelicidade? Nem sempre.  Rir  pode  ser  um  estado  de  agitação  incontrolável  e  chorar pode ser uma explosão de felicidade.
                  Rir  é  gostoso,  faz  bem, alegra ambientes. Aquele riso que brota do fundo da  alma  e  se  espalha  por  todo  o ser. Há risos e risos. Há o riso alegre, espontâneo, descompromissado,  há  o  riso  doce  que  desperta ternura, o riso sensual provocando desejos,  o  riso  terno  consolando,  o  riso  debochado,  irônico,   que causa uma certa antipatia e mágoas, o riso cruel que fere, o  riso  provocante  que  irrita.  E assim como há risos e risos, há lágrimas e lágrimas. Há lágrimas provocadas por uma   grande  dor,
uma grande tristeza. Ah, essas lágrimas doem tanto, doem o corpo, o rosto, queimam os olhos, a boca, apertam a garganta como se fossem nos enforcar, esmagam a alma  como se quisessem tirá-la fora de nós.  Mas  quando  explodem  causam um grande alívio, é verdade  que  misturado  com  um  imenso  vazio, mas  que faz bem porque desativam as    tensões.   E  as  lágrimas   da  angústia?   Nos  deixam   num  estado  de  profunda prostração.  Um  buraco  negro   na  alma,  um  abismo  sem  fim   e  seco. Vontade de chorar. Ou melhor, de poder chorar, mas cadê lágrimas?  Em que recôndidos labirintos
 foram  se  esconder?  Às vezes  conseguimos  chorar  e  quando isto acontece é muito bom, mas vezes  há  em  que a  angústia vem e vai e as lágrimas não aparecem pra nos libertar.
                   Há também aquelas lágrimas que surgem não se sabe bem nem como, nem porque,  simplesmente  nos   sentimos tristes,  diferentes,  inquietos, parece que somos pequenos demais para os nossos sentimentos e pensamentos,   não cabemos   em nós e então nos expandimos em lágrimas.
                    E  quando  a  felicidade  é   intensa demais,  forte demais, a emoção toma conta  do  nosso  ser  e  temos  a  impressão  de  que  estamos  nos desmanchando, nos desfazendo  e  nos  fundindo  novamente.  Quando  nos  sentimos   apenas sentimento, alma,   coração,   emoção   e   nossos   pensamentos   ficam   meio  desvairados,  meio concentrados,  sem   saberem  exatamente   que   rumo  tomar,  até  se  decidirem  por integrarem  e  participarem  desse  momento  de  extrema beleza e êxtase profundo, aí então  não  basta  o  riso  e   não basta a lágrima. Um só é pouco. Acontece a suprema explosão  que  arrebata,  que  enlouquece  e que transforma risos e lágrimas dois lados de uma mesma  moeda, onde o Humano e  o Divino  se  unem, fazendo do ser humano
um ser quase(quase?) Divino.

domingo, 19 de maio de 2013

Meu Filho(ou Filha)




                     Está parada, imóvel, estagnada, subjugada; a angústia é tanta e tão profunda que chega doer, que chega ser nada. A prostração é total. É só preocupação, medo, pavor. Parece um zumbi, está em estado catatônico.
                       Pensa: meu filho, que bom que não te trouxe pra cá. Eu sei, meu filho, que onde estiveres tu sabes que não te trouxe, não porque não te quero, não te amo, mas pelo contrário, porque te amo demais. Não suporto a idéia de te ver sofrendo deste jeito. A angústia e a aflição são terríveis e o pior ainda é saber que se vai aguentar, que se vai continuar sofrendo e sobrevivendo.
                       Sabe, meu filho, muita gente me condena por eu pensar assim, nem expresso muito minha opinião pra não causar um mal estar.
                        Uma certa pessoa uma vez me chamou de egoísta. Imagina! Egoísta porque não te trouxe pra este caos. Magoou bastante. Tanto que respondi de imediato: egoísta são vocês que querem se perpetuar nos filhos...Tá...Eu sei. Foi um pouco agressivo da minha parte. Mas é que eu tava bastante machucada, chocada com o comentário.
                         Meu filho, te amo tanto que só de pensar em te trazer pra cá, me dá um nó na alma.
                         Sabe, filho, quando vejo uma criança fico pensando: Pobrezinha! Não sabe o que a espera.
                          No momento em que aterrissa aqui já é um problema atrás do outro. Isto sem falar no tempo enclausurado no útero, o rito da passagem e a angústia do nascimento que nos acompanha por toda a vida.
                          Os problemas, as preocupações são uma constante em nossa vida. Claro que sempre de acordo com o momento e a circunstância. Os problemas e preocupações de uma criança são diferentes dos de um adolescente, jovem, adulto ou idoso, mas igualmente sérios para cada um.
                           Pra começar já chega chorando e se não chora leva palmada. Depois, dor de ouvido, cólica, fome, sede, fralda pra trocar. E as pessoas que somem e então tem que botar a boca no mundo pra aparecerem e resolverem o problema ou então são aquelas pessoas chatas que pensam que criança é palhaço ou marionete e ficam falando e dizendo: faz isto, faz aquilo, bate palminha, atira beijinho. Depois são as quedas, o joelho esfolado, as pernas raladas. Logo vem a Escolinha e aí não para mais. Mas tudo isto é quase insignificante em comparação com o que vem depois e isto meu filho é só o dia-a-dia comum das pessoas. Preocupação com estudos, trabalho(ou a falta dele), preocupação constante com as pessoas queridas, pai, mãe, irmãos, familiares, amigos, saúde, relacionamentos afetivos, mágoas, traições, humilhações, decepções, frustrações, desilusões, medos, crises existenciais, arrependimentos. Ah, é tanta coisa sufocando, oprimindo, comprimindo...Claro, existem  momentos...momentos...felizes, mágicos, bons e até penso nestes momentos que poderia ter te trazido, mas estes momentos são tão fugazes e já voltam as preocupações, as angústias, as aflições...
                  Sabe, filho, as crianças gostam tanto de mim que acho até que estás um pouco em cada uma, assim como acho que estás um pouco nas pessoas que correm pra mim quando têm qualquer problema.
                   Ah, meu filho, não tenho nem força pra me movimentar, tanta preocupação, tanta angústia...esta aflição tomando conta e jogando no fundo do abismo mais profundo. Aflição que dilacera alma e coração, esta dor sem nome no fundo mais fundo do íntimo abalando todo o ser e as horas não passam e ao mesmo tempo voam. Que cansaço!
                      Meu filho, nestas horas eu agradeço a Deus por não ter te trazido pra cá.
                      Meu Deus, obrigada por não ter filhos. Não suportaria vê-los passar por isto. Me sentiria sempre culpada.
                       Eu sei, meu filho, que onde estiveres tu me entendes e sabes que foi por te amar demais que nunca pensei em te trazer pra este mundo louco e cruel. Ah, meu filho, como te amo!
                        

                        

domingo, 5 de maio de 2013

Que Sei Eu?




             

                  Primavera. Chove torrencialmente(que frase surrada!), mas é verdade. Chove. Chove muito. Mas é Primavera. Então deveria haver sol quente, ar um pouco esfumado e flores. Mas chove. E daí? Que sei eu da Primavera e de suas explosões de cores, vida, amores? Que sei eu do Inverno, seu frio(que aquece), do vento que sopra, que arrebata e enlouquece? Que sei eu do Verão e das suas cores fortes e vibrantes, do seu calor que amolece, entorpece, embriaga...? Que sei eu do Outono e da sua louca magia, da sua cor dourada, seu cheiro de mel e folhas secas pelo ar?
                    Que sei eu dos mistérios da vida, dos segredos do Universo? Do dia e da noite? Da guerra e da paz, do amor e do ódio, do tudo e do nada? Dos encantos e desencantos de uma multidão desvairada, de uma humanidade condenada a andar sempre, mesmo que muitas vezes não saiba pra onde? Que sei eu dessas pessoas que passam por mim? Que sei eu dos seus sonhos, seus medos, seus amores, dores e alegrias? Algumas trazem estampada no rosto toda uma história, outras são impenetráveis e outras são indiferentes; isto pra falar em apenas algumas, porque cada pessoa é um universo insondável, complexo e profundo. Que sei eu do sol que aquece  e da chuva que molha? Que sei eu das estações do ano, tão fascinantes, tão distintas, cada uma com sua beleza, suas peculiaridades, sua própria personalidade? Que sei eu de tudo isso e que diferença faz eu saber ou não? A vida é uma interrogação que vamos respondendo enquanto vivemos.
                   Que sei eu da vida e dos seus mistérios?
                    Que sei eu?