quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Retalhos





                Cortei minha franja. Que tristeza!...Carnaval...Ah! É...mas eu ia de noite...nós íamos ao centro de noite...em Pelotas...último ano...às vezes...aquela revista...Marcelo. Como é o nome daquele guri?...A gente nota...a Xuxa falou...eu acho horrível...aquele cabelo e ela disse...jardim...puxou ele...tou louca pra fazer meu tricô. Nós...ooooh!...O que eu gosto mesmo do programa dela...1ª série é lá naquela escolinha...eu sou suspeita...Risos...Murmúrio...não aguento mais...que loucura!...me empresta a borracha aí...os negócios lá...Bah!...aaai!...não perdeste as orelhas no carnaval Claudiô? Risos. O quê? As orelhas estão aqui...não conta Marian, não conta. Ela vai contar. Não entendi essa. Não perdeste as orelhas?...eu tou maus...ela saiu. Férias...onde tu moras? Eu, a Kiki...nogento. Risos. Tou com uma fome!...A mulher quase desmaiando...todo filme...e a mulher...aí...cabeça...fim de semana...que horror! Perdi cinco quilos nestas férias...Porto Alegre...cidade...São Paulo...ventinhos...ar da praia...na praia sempre tem um lugarzinho..Zizi...umas partes horrorosas...ali na mãe...ficava na porta da casa...gurias...invadia a casa...nunca se sabe...e o cara tava assim sem camisa...Tá abafada esta sala de vocês...vem um frio de baixo. Risos. Começou a aula. 

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Doce Chuva





                 A chuva cai lá fora despertando em mim uma doce ternura, um sentimento sem nome, o vento sopra forte e eu sinto uma necessidade de aconchego, de viver intensamente, mergulhar na vida, na minha alma, me descobrir, me entender e entender o ser humano, sua relação com os outros e com o mundo.
                 Não sei porque a chuva aguça em mim este desejo desesperado de me encontrar e enquanto ela continua caindo mansa e persistente, minha cabeça é um redemoinho de pensamentos desencontrados, ilógicos, mas eu detesto lógica, lembra números, exatidão, matemática, e penso e a chuva bate em minha janela, mas tem que haver um jeito de me libertar; os pingos da chuva rolam  pelos vidros da janela e eu sinto uma ânsia incontida, é quase impossível permanecer calada, quieta...e o vento sopra com força, tenho vontade  de acompanhá-lo na sua liberdade, ele sopra novamente. Vamos dançar uma valsa vienense tendo como pista o tapete verde das coxilhas? E a chuva acompanha o ritmo dos meus pensamentos ou são eles que acompanham o ritmo da chuva? Não sei, não importa, quero cantar contigo uma canção de amor. A chuva continua, o vento sopra, minha cabeça roda, minha alma anseia. É vida. Intensa e profunda. 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Reflexões





                 Tem uma porção de coisas fervilhando em sua cabeça, pensamentos, opiniões, sentimentos pra compartilhar, mas quem se interessa? Quem tem tempo de ouvir?  Todos tão preocupados consigo mesmos.
                  Lê um trecho do livro que tem nas mãos. A personagem faz um comentário chocante, mas real. Ela diz: "ninguém se preocupa contigo, a não ser pra falar mal". É uma afirmação amarga, mas que tem muito de verdade. Ela que o diga.
                  Sempre foi uma pessoa correta, mas humana, muito ligada aos pais, irmãos e parentes, sempre ouvindo, ajudando, muitas vezes esquecendo de si para ajudar os outros; faz bem, é parte integrante de sua personalidade ser solidária. Como jornalista sempre procurou usar os mesmos princípios morais e éticos, informando com isenção, imparcialidade e justiça. Mas isso não interessava muito, não causava nenhuma sensação, não servia como exemplo a ser seguido, diziam que era "boazinha", ou de maneira um pouco irônica que era "muito certinha", que vivia segundo ideais fora de moda, que devia me ocupar mais comigo, aproveitar ao máximo a minha beleza, juventude e inteligência pra "subir na vida", obter sucesso, sem me preocupar tanto em não ferir as pessoas, ninguém liga pra isso. O que causava sensação era sua beleza exterior, essa sim interessava. Gosta de ser bonita, não tem nada contra a beleza física, só que o ser humano é um todo e como tal deve ser visto. Só isso, mais nada.
                Pois bastou um dia mudar da casa dos pais para o mundo desabar, isso que mudou para um apartamento pertinho, na mesma quadra, porque precisava  de mais espaço e além disso na casa dos pais não tinha muita tranquilidade pra trabalhar por causa dos seus irmãos pequenos que queriam sempre que brincasse com eles.
                Pronto. Aí lembraram dela, os vizinhos e alguns parentes, os conhecidos e até os desconhecidos se tornaram tão preocupados com sua vida, especularam, falaram, inventaram, fofocaram, era um ti--ti-ti só; que estava botando as "manguinhas de fora", "as mais certinhas às vezes são as piores", "algum motivo ela tem pra querer morar sozinha". Tudo isso comentavam. Foi o assunto preferido durante muito tempo.
                 Os pais, irmãos e amigos ficaram indignados, mas ela tinha pena daquela gente que não tinha mais nada interessante pra fazer do que ficar  se preocupando com a vida dos outros.
                  Agora passou, se acostumaram e ela aprendeu mais uma lição. Quando a gente tá mal, sozinha, sofrendo, precisando de ajuda, de amigos, essas pessoas estão cada uma vivendo a sua vida sem se importarem, sem tomarem conhecimento de nada, mas quando vamos viver nossa vida, ah, aí essas mesmas pessoas se mobilizam e se interessam e se importam. Então, a única coisa com que devemos nos preocupar é com Deus e com a nossa consciência e também com as pessoas que amamos e que nos amam, para não magoá-las.
                   Sente-se feliz assim. Puxa! Quanta coisa pensei só por causa da frase de uma personagem. Recomeça a ler. Quer terminar  o livro antes de fazer uma visita aos pais e irmãos. Afinal, é tão gostoso estar com eles.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Cigarra




                Este teu canto estridente, pungente, faz a alma da gente pensar. Desperta sentimentos latentes que a gente nem sabe que sente. De repente, teu canto faz  explodir lembranças tão ausentes, tão distantes, não se sabe de quê, nem de quem, como tu, cigarra, que dizem cantar até explodir. Será verdade? Prefiro acreditar que não. Mas este teu canto curto, repetido, terminando sempre num prolongado, interminável gemido, dá uma tristeza danada! Oh! cigarra, não morre. Precisamos de ti. Eu sei que sempre tem uma, várias cigarras, mas tu, tu que neste lamento prolongado e preguiçoso, rasgaste a alma da gente; tu continuas viva, pra repetires teu canto? Sim. Eu quero que sim.
                 Este teu canto plangente, tão desesperado e cadente, cria uma expectativa dolente, prende a atenção da gente, fica-se esperando o grito longo e lancinante que fere o ar e mexe com a gente. É como um grito de liberdade, o teu, o meu, o nosso grito de liberdade pra depois começar(ou recomeçar) todo o ritual novamente. Oh, cigarra, não pára nunca de cantar.

Minuano




                   Vento gaúcho
                   das coxilhas do Rio Grande.
                   Quando te vejo fustigando os trigais, os milharais
                   arrastando o que há pela frente,
                   Quando te sinto em minha pele
                   maltratando e acariciando
                   ferindo e cicatrizando;
                   Quando te vejo arrancando os chapéus
                   dos homens que encolhidos de frio,
                   tentam se defender de ti com ponchos, botas e casacos
                   e quando te vejo furar essas defesas, penetrando
                   com fúria, através dessa indumentária,
                   quando te vejo violento, sem se deter diante de nada;
                   quando te vejo, Minuano, correr louco de liberdade
                   pelos campos e cidades;
                   Eu te sinto, Minuano, um pedaço do Rio Grande.
                   Eu ouço o grito de liberdade do povo gaúcho
                   quando tu, impetuoso e forte
                   dispara como um guerreiro pelos pampas.
                   Minuano, quando te vejo dobrando os galhos das árvores
                   Vejo o Rio Grande quebrando as resistências, se impondo
                   Ah! Minuano! Minuano!
                   Alma do Rio Grande!
                   Pedaço do Rio Grande!

                                  
  
                  

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Tarde Molhada - Tarde de Amor




             
             A chuva cai como se o céu se desmanchasse.
             Aqui, no aconchego dos teus braços me entrego ao teu amor, no calor do teu corpo meu corpo se incendeia, minha alma evapora e cai em forma de chuva, meu coração acelera e voa livre. A chuva  não pára, o nosso amor também não. O ritmo da chuva é o ritmo do nosso amor...às vezes calmo, às vezes selvagem, às vezes ternura, às vezes paixão, às vezes arrastando tudo, outras se derramando suavemente, às vezes é a fúria incontrolável do desejo, outras vezes é a doçura do afago.
             É a loucura desenfreada da paixão nos jogando um nos braços do outro feito náufragos arrebatados por uma onda gigantesca e arremessados num turbilhão de sentimentos para sermos resgatados  pelo Amor, até que uma outra avalanche  nos envolva e comece tudo outra vez.
             Assim é a chuva. Assim é o nosso Amor.

Tempo





                É incrível. O tempo corre vertiginosamente e eu não tenho tempo.
                Não tenho tempo pra vida, não tenho tempo, não estou conseguindo acompanhar o tempo, eu nem percebo que tempo é e o tempo já passou, tal é a pressa que tem o tempo.
               Mas hoje eu pedi tempo ao tempo pra falar do tempo, interessante, não? Mas falar o quê, se eu não tenho tempo de ver as coisas, de sentí-las, de viver?
               A vida é cronometrada, temos que observar as horas sempre, vivemos em função do relógio, a máquina do tempo. A frase mais comum em nossa vida é: é hora de levantar, é hora de ir para a escola, é hora de ir para o trabalho, é hora, é hora, é hora...é hora pra tudo. Que sufoco! Que bom se a gente pudesse esquecer o relógio, deixar o tempo à vontade, sem termos que fazê-lo "esticar" para podermos fazer tudo que queremos e precisamos.
             Ah, que bom poder esquecer o tempo e não ficar querendo que ele parasse pelo menos um pouquinho. Ah, que vontade de fazê-lo parar, às vezes. Que pressa tem o tempo! No entanto, somos contraditórios e às vezes queremos que o tempo voe e o tempo parece arrastar-se, parece fazer pirraça com a gente, parece que agora é ele quem não quer passar, quem quer parar. Parece que cansou. E a gente fica dizendo: este tempo não passa, tá se arrastando. Mas o tempo é o mesmo, continua passando hoje, como passava há séculos e como irá passar daqui a séculos; ele continua inabalável, nós é que fizemos com que ele voe ou se arraste, depende só e unicamente do nosso estado de espírito.
             Que bom esquecer o relógio, deixar que o tempo passe com pressa ou sem pressa, livre, sentí-lo somente, viver sem cronometragem, sentir o hálito puro das matas, a brisa perfumada da primavera, pisar as folhas secas do outono, sentir a noite com seus mistérios, o magnetismo da lua, a beleza profunda das estrelas, olhar a chuva que cai, viver cada momento sem pressa, como se todo o tempo do mundo nos pertencesse. Ah, como seria bom!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Prece





                  
                    Quando a tarde cai e o pôr-do-sol deixa no céu uma mistura de cores impossíveis, eu TE agradeço CRISTO.
                     Quando a noite desce trazendo consigo todo o mistério e encantamento, o perfume das flores, o brilho das estrelas e a beleza da lua, eu penso em TI, CRISTO.
                     Quando a chuva cai lavando a terra, quando o sol surge trazendo o seu calor, os pássaros cantam anunciando um novo dia, as flores teimam em desabrochar, eu TE dou graças, CRISTO, por saber VER tudo isto.
                     Quando uma criança sorri, alguém escreve uma canção de amor, uma poesia, quando um aperto de mão, um sorriso, um olhar, um abraço denunciam ternura e amizade, eu TE sinto, CRISTO!
                     Quando uma ave, num vôo profundo mergulha no azul do céu, quando o vento sopra, a água corre em cachoeiras e cascatas e as flores se abrem para a vida, eu TE vejo, CRISTO.
                     Quando alguém chora de emoção ao ouvir uma música ou contemplar um crepúsculo, quando alguém é capaz de sensibilizar-se diante de uma beleza tão profunda como a Natureza, eu sinto, CRISTO, que nem tudo está perdido e ainda é possível ser feliz.

Tarde Molhada







                 
                Raio de sol molhado da chuva, na tarde dourada de abril.
                Pingos de chuva nas árvores, nos fios e nos telhados,  que uma rajada de vento espalha pelo ar como se fossem pequeninos  diamantes irisados pelo sol.
                Céu encoberto pela fina nebulosidade, deixando que a luz do sol envolva tudo, criando um clima de sonho.
                Chuva fina caindo mansa e suave, encobrindo o horizonte como se fosse um véu.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Manhã de Primavera




                 Nesta manhã de primavera saio pra rua e sou envolvida por uma golfada de ar perfumado. Um formigamento percorre meu corpo, minha alma bate asas rumo à liberdade. Ando indecisa, com passo trôpego. Estou embriagada. Embriagada de luz, tonta de beleza, atordoada de perfume, zonza de sons feitos de silêncios e ruídos. Canto de pássaros, farfalhar de asas, colorido de borboletas e aves cruzando o espaço. O resto fica abafado, em segundo plano.
                 A energia vibrante me deixa enlouquecida, hipnotizada com a carícia da brisa, alucinada com a efervescência da brotação, maravilhada com a explosão de vida que se manifesta por toda parte e de todas as maneiras. Árvores, flores, relva, água, céu e terra formam um contraste gritante e harmonioso ao mesmo tempo. Exuberante e suave, agressivo e doce, inquietante e sereno, sensual e inocente. A Mãe Natureza, soberana e sabiamente, vestiu-se de gala, preparou o mais belo e gigantesco espetáculo e majestosa e magnífica foi a anfitriã perfeita, recepcionando a Primavera.
                 A Natureza está em festa...e eu fui convidada.

Tarde




          

                 Nesta tarde quente, coberta com este véu comum aos dias de agosto e setembro eu me sinto inquieta, angustiada, nem sei o porquê. Tenho vontade de me libertar não sei de quê, nem de quem, talvez de mim mesma; esta vontade de chorar, de ir além do que posso, além do que é possível me enlouquece. Meus olhos se perdem no horizonte e se meu corpo fica plantado no mesmo lugar, minha alma voa pelo campos, para além do horizonte. Eu sinto uma revolução dentro de mim, não sei se boa ou ruim, mas acho que boa, porque apesar de sofrer com esta intensidade não queria ser diferente. Não sei o que faço de mim nesta tarde morna de setembro, sinto que tenho que fazer alguma coisa, preciso acordar o mundo, despertar as pessoas que me parecem simples marionetes  andando pelas ruas sem saberem para onde vão e o que querem. Talvez não queiram nada. Mas eu quero, quero tanto que chega doer e me deixar tonta de tanto querer. Estes quero-queros cantando, este silêncio, este calor que amolece, tudo isto me atordoa, me alucina, esta saudade não sei de quê nem de quem me deixa maluca, saudade do que não conheço, do que não vi, saudade do que conheço e do que vi. Eu preciso fazer alguma coisa, mas o quê? Eu não sei, eu não sei, eu não sei...sinto um desejo desesperado de alguma coisa que não sei o que é e agora estou sentindo uma onda de ternura me envolver e esta ternura e este desespero se confundem e me confundem e eu sinto vontade de rir e chorar ao mesmo tempo, vontade maluca de voar e fazer alguma coisa grande e maravilhosa, arrebatadora!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Chegadas e Partidas





                          A chegada festiva, cheia de promessas, de sonhos, segredos a contar, um sorriso nos lábios, um brilho no olhar, os abraços, os beijos, a alegria estampada no rosto, tanta coisa pra falar, o peito explodindo de felicidade, as idéias alucinadas tropeçam, embaralham e se descontrolam num amontoado de palavras; depois do primeiro momento de loucura e desvario vem o doce aconchego, a calma, o bate-papo gostoso e sem pressa. Até que...chega a hora da partida e é tão doída, aquela saudade machucando fundo, aquele adeus com gosto de quero ficar, com gosto de de não se vá, o sorriso com vontade de chorar, a lágrima pendurada no olhar, esse olhar perdido num mundo de sonho, a sensação de ter ficado tanta coisa por fazer, tanta coisa por dizer, uma paralisia de movimentos, os gestos se tornam lentos e pensativos. Tudo dói tanto e machuca fundo, fere, maltrata, mas há o doce consolo das cartas, dos telefonemas, dos novos encontros e principalmente a certeza de que os verdadeiros amigos não se separam nunca, mesmo tendo entre si a maior distância do mundo.

Estrelas




            
                    As estrelas brilham, o vento parece querer varrê-las do céu, mas ao contrário de desaparecerem brilham mais intensamente, ficam mais cristalinas.
                    As estrelas brilham tão longe, tão indiferentes às misérias humanas, ao sofrimento humano, tão belas no seu egoísmo, tão maravilhosamente simples na sua beleza, uma beleza que machuca, emociona, faz chorar. É...faz chorar, deixa triste; não sei porque, mas quando a beleza é tanta e tão profunda assim, dá uma angústia, um desespero. Tenho medo de sentir tanta beleza, tanta intensidade; me assusta, arrebata, descontrola, as palavras ficam presas na garganta, os adjetivos proliferam, o silêncio toma conta de mim, não o silêncio vazio, mas aquele silêncio intenso, denso, rico e que vale mais que mil palavras. Não consigo falar e quando tento digo o que não quero, o que não sinto e o que realmente quero e sinto não consigo dizer.
                     Tenho medo de quebrar o encanto, qualquer ruído soa estranho, diferente, quando as contemplo. Sinto uma intimidade muito forte entre nós, meu pensamento se eleva e eu revelo a esses vaga-lumes do espaço segredos, sonhos, desejos, tristezas, angústias, felicidade, ternura e amor, tanto amor; só meu silêncio lhes fala, só ele consegue dizer mais do que sei, mais do que posso. É tão bom poder contar com elas, vê-las piscar tão bonitas. Obrigada por existirem, estrelas!
                         

domingo, 20 de janeiro de 2013

Te Amo





                  Te amo tanto. Este amor faz parte da minha vida, penetrou minha alma, meu sangue. Está em mim. Não posso te esquecer. Como é possível esquecer se tu já me pertences, já fazes parte de mim? Só se fosse possível esquecer que tenho braços, mãos. E isto é impossível. O vento sopra, eu ouço tua voz, a chuva cai e é a tua voz que escuto, quando o sol queima minha pele, são dos teus braços me envolvendo que lembro. Se olho os campos tão verdes sinto saudade dos teus olhos, se vejo a lua no céu, sinto teus lábios nos meus outra vez e o fogo do teu beijo a queimar minha boca. Se faz calor lembro teu sorriso como uma brisa benfazeja, se faz frio penso no calor do teu corpo a me aquecer, se é primavera me vejo a dançar contigo uma canção de amor, doce e suave; se é outono lembro tua voz quente e profunda. Quando olho as estrelas penso no brilho dos teus olhos. Se fecho os olhos te vejo na minha frente, sorriso franco, olhar apaixonado e intenso, me falando de amor.
              Se ando pela rua, todos os rostos me parecem o teu, quando ouço música penso em ti e até nos meus livros tu apareces e te misturas com os personagens; adormeço, sonho e acordo pensando em ti.
              Te amo com paixão e com amizade, com loucura e com a razão. Te amo. 

Outono





                   Luz dourada. Cheiro de mel. Gosto de fruta madura. Folhas secas bailando no ar. Árvores desnudas erguendo numa prece seus braços aos céus. Cheiro Outonal.
                   Vento soprando, batendo nas janelas, varrendo o céu, fazendo arrepiar a pele. Vento Outonal.
                  Chuva fina, fria, molhando calma, mas persistente a terra fértil, refrescando-a do calor escaldante do verão, acalmando a alma abrasada pelo fogo das paixões. Chuva Outonal.
                    Sol ameno, gostoso, acariciante. Céu azul, campos verdes, montanhas azuis, nuvens brancas. Sol transparente, envolvente. Sol Outonal. 
   

É Preciso...É Preciso





                    Oh! É preciso estar tudo pronto para a visita do presidente;
                    Mas o importante mesmo é esta flor que desabrocha maravilhosa e soberana.
                    É preciso datilografar  este ofício com urgência, mas o que realmente tem importância é o sorriso daquela criança.
                    É preciso estar, sem falta, no aeroporto para receber o ministro, mas o que importa mesmo é a visita do amigo que acaba de chegar.
                     É preciso fazer estes cálculos, mas o mais importante é ficar sonhando de olhos abertos, sem pressa, calmamente.
                     É preciso atender este cliente, mas o que realmente tem importância é o doce devaneio que nos faz mergulhar num mundo encantado e mágico.
                     É preciso escrever este artigo, mas importante, importante mesmo é o vôo profundo daquela ave que riscou o ar e se confundiu  com o azul infinito do céu.
                     É preciso fazer uma poesia...É? Não. É preciso VIVER A POESIA.

Baby Doll





                        Estava atendendo uma senhora, tinha mais pessoas pra atender, os empregados estavam todos ocupados e a senhora perguntando, comprando, olhando(mais perguntando).
                         - Esta camisola de criança, quanto é? Perguntou mostrando um baby doll.
                          - Ah, isto não é uma camisola de criança, é de adulto.
                          - De adulto?! Ora, veja só!
                          - Pois é. É um baby doll.
                          - Baby o quê?
                          - Baby doll.
                          - Ah, baby doll, cada nome! Isto é estrangeiro, não é?
                          - Isto o quê, minha senhora? O baby doll?
                          - Não. Este nome. Baby doll.
                          - É sim.
                          - O que quer dizer?
                          Ele já tava perdendo a paciência, agora ia ter que dar uma de tradutor e o pior é que não sabia dar uma tradução exata. Mais essa agora!
                          - Olha, minha senhora, eu não sei bem o que quer dizer.
                          - Tanta bobagem só pra dormir.
                          Ele pensou: só pra dormir. Será tão ingênua assim?!
                          - Pois é, minha senhora.
                          - Muita gente compra isto?
                          Ele pensou, ela não confessa, mas tá louca pra comprar.
                          - Muita, sim.
                         - O senhor faz um pacote pra presente desta aqui; vou levar pra minha sobrinha.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Nossas Velhinhas (e Velhinhos)





                  
             
                        Ah! Como são comoventes estas velhinhas(e velhinhos), tão pequeninas(os) e encarquilhadas(os), tão encurvadas(os) com o peso do mundo. Tão carentes, tão submissas(os), tão indiferentes e persistentes.
                          A pele tão enrugadinha parece um pergaminho onde foram escritas histórias fantásticas e milenares. O andar lento e meio trôpego são das quedas da vida, o olhar meio perdido e assustado parece sempre uma interrogação. A voz desbotada denuncia cansaço. A aparente couraça que envolve estas criaturas foi forjada pelas desilusões, pelas lutas travadas, pelas vitórias e derrotas que viveram.
                         Olhando assim parecem um livro fechado, lacrado, mas quem sabe  quantas histórias maravilhosas teriam pra nos contarem e quanta sabedoria para nos transmitirem...se deixássemos.

Caminhar...Caminhar...Caminhar...Correr





                      Caminhar sem destino, sem rumo, deixar-se levar ao sabor dos ventos que vão e que vêm, que trazem e que levam, sonhos e desejos, angústias e anseios.
                      Caminhar sem parar até o infinito dos pensamentos, até o limite dos sentimentos, sentindo o gosto da liberdade. Que gosto tem a liberdade? Tem gosto de menta perfumada, invadindo a alma, fazendo levitar.
                       Caminhar lentamente, sentindo a pele arrepiar com o sopro da brisa, o corpo estremecer com a rajada mais forte.
                       Caminhar acelerando o passo, com pressa de chegar. Chegar onde? No âmago do ser, completa, íntegra, inteira.
                      Caminhar...Correr loucamente, desesperadamente, alucinadamente, como se os pés tivessem asas e fossem levantar vôo de uma hora pra outra, sentir a sensação de estar prestes a voar, quase voando.
                       Correr...Correr como se fugisse. De quem? De si mesma, dos medos, das incertezas, dos problemas. Esquecer tudo, não pensar em nada. Apenas correr.
                      Correr...Correr como se fosse ao encontro do sonho mais querido, há tanto tempo perseguido. Sentir a lágrima, sentir o riso se debulhando e se espalhando pelo rosto. Correr. Apenas correr. Esquecer a Razão, viver a Emoção. Ser apenas um pedaço de emoção a correr. Correr. Apenas correr.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Vida Latente





                             
                   O papel branco, a cabeça vazia, a alma em ebulição e o coração que não sabe o que é razão e o que é emoção.
                   A vida além das aparências, a vida no âmago de cada ser. A vida que não transparece nos olhos, nos gestos, no sorriso ou na lágrima, mas que tenta inutilmente ou, às vezes com algum sucesso, saltar do interior fechado e policiado para a liberdade explosiva dos sentimentos e sensações.
                   E então ela se insinua através dos poros e desliza pelo corpo, espia tímida pelos cantos dos olhos, dando-lhes um novo brilho, força um sorriso, um pouco torto ainda, é verdade, mas um sorriso, ou então escorrega pelos ouvidos até as pontas das orelhas onde, travessa, embala-se ao som do mundo.
                   O papel branco, tanto pra dizer, mas COMO dizer?
                  Como falar da energia latente prestes a explodir, tornar-se energia vibrante, tirando cada um e todos do marasmo embrutecedor? Como falar sobre isso sem tornar-se na opinião(quase) geral, no mínimo esquisita?
                   Mas e tu, ó " grande escritora", por que, ao invés de ficar aí parada, com esse olhar distante, essa caneta entre os dentes, esse papel aí na tua frente, onde escreves um pouco, paras, pensas, escreves novamente, não sais da apatia e vais ao encontro da vida? Por que, hen?! Por quê? Falta coragem? Eu sei. Falar é fácil, agir é difícil. Pode ser difícil, mas não impossível. Acorda!

Sorriso Partido





                     Este sorriso partido, assim meio torto, que me ofereces é uma dádiva quase(quase?) Divina que recebo emocionada.
                    Este sorriso partido, dividido, multiplicado, meio magoado, m!io canhestro, dá uma vontade de chorar!
                      Este sorriso partido, doce e amargo, bom e cruel, puro e cínico, deixa um gosto triste na alma.
                      Este sorriso partido, indefinido, indefeso, tímido e ousado, meigo e sensual, balança o coração.
                       Este sorriso partido, meio atravessado, confuso, sem saber se fica ou se foge, dá vontade de segurar.
                       Este sorriso partido, meio travesso, meio debochado, irônico e maroto. Este sorriso partido que me entregas, assim meio sem jeito, como se fosse um mistério, um segredo que só nós conhecemos é o tesouro mais precioso que eu podia receber. Um tesouro que vou guardar com muito amor na alma, no coração, em cada célula do meu ser, em cada recanto da minha mente...Este sorriso partido, com todas as coisas boas e ruins que possuis. Este sorriso partido que me entregas com tua essência. Este sorriso partido, meu tesouro, meu presente.
                       Este sorriso partido, malvado, agressivo, luminoso, iluminado, este sorriso partido com vontade de carinho, de amizade; este sorriso quebrado, com vontade de amor, com vontade de ser inteiro, com vontade de ser UM SORRISO é o melhor que podias me dar e é o melhor que eu podia receber.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Lua...Lua




                  
                            Pedaço de lua boiando no céu
                            Quem te mordeu?
                            A boca gulosa de um Anjo travesso?


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                            Lua solta no infinito. Bonita.
                            Faltando um pedaço. Quem roubou?
                            Um namorado desvairado, talvez?
                            Que não conseguindo trazê-la inteira,
                            trouxe ao menos um pedaço?


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                            Lua livre no céu, tão bela, assim de perfil,
                            escondendo misteriosa o outro lado da face.


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                            Lua travessa que roubou durante o dia um pouco da luz do sol,
                            para à noite banhar de sonho o planeta do qual é prisioneira.


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                            Lua sonâmbula que vaga pelo céu,
                            companheira inseparável dos insones,
                            dos que dormem, dos que amam,
                            dos que sofrem, dos que sonham.
                            Lua. Simplesmente Lua.

Desabafo





                   Como é difícil sermos apoio quando nós é que precisamos ser apoiados; sermos consolo quando precisamos ser consolados; sermos muralha quando já desmoronamos e no nosso interior só há escombros; sermos chuva quando estamos no deserto; sermos luz quando estamos nas trevas; sorrir quando nossa vontade é chorar; mostrar a beleza a alguém quando ainda não a descobrimos; secar o pranto do outro quando o nosso está prestes a explodir; sermos calor quando nossa alma está gelada; falarmos de coisas boas e bonitas quando só encontramos o vazio a nossa volta; sermos brisa quando um furacão devasta nossa alma; proteger quando precisamos de proteção; acariciar quando precisamos de carinho; amar quando precisamos de amor; sermos amigo quando precisamos de um amigo; falarmos de esperança e confiança quando estamos desesperados e desesperançados. Como é difícil!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Te Amo, Te amo, Te Am...




                      Te amo tanto meu amor que mais amor é impossível, te amo com o coração, com a alma, com o corpo, com a cabeça, minha vida toda te pertence. Meu amor por ti já faz parte de mim, está colado, agarrado, aderido em mim, é uma tatuagem grudada em mim, em ti, é uma loucura; está na minha pele, no meu sangue, em cada célula do meu ser. Te amo tanto que nem mesmo todas as palavras do mundo explicariam este amor. É um amor total, espiritual e físico, amor de verdade. É tão bom viver este amor e eu o vivo intensamente, cada hora, cada minuto da minha vida, e ele parece maior ainda quando estou em teus braços e nossas bocas se unem num beijo que diz muito mais do que mil palavras de amor e eu sinto a grandeza deste amor quando tu dizendo simplesmente "te amo" me faz a mais feliz das criaturas, pela maneira intensa e profunda de falar e olhar.
                            Te amo tanto, meu amor, tanto!

A Invasão




                           É terrível. Começamos a nos sentir "diferentes". Parece que estamos num mundo irreal, tudo nos parece envolto numa névoa; as cores, as coisas, o som, os animais e até as pessoas nos parecem "esquisitas" e temos a impressão que de repente algum gaiato vai puxar o tapete tirando assim o nosso chão e nos jogando num abismo sem fim.
                          Quando falam conosco temos a sensação que a voz teve que atravessar  um longo túnel pra chegar até nós e quando falamos parece que a nossa voz veio lá das profundezas dum abismo qualquer e por isso chegou assim fraca e sem cor. Nossa cabeça está oca, vazia.
                           Sabemos o que está acontecendo, o que estamos fazendo, falando, mas tudo parece pertencer a um mundo irreal, imaginário, de sonho ou pesadelo; queremos emergir desse sufoco, dessa agonia, mas não adianta, o melhor mesmo é resignar-se e deixar que se cumpra esse período inevitável.
                           Parecemos uma cidadela em ruínas, qualquer coisa nos atinge, nos fere, machuca, ficamos hipersensíveis. Coisas que muitas vezes em nosso estado "normal"quando nossas defesas estão ativas e em pleno funcionamento suportamos muito bem, agora nos deixam magoados, arrasados.
                           Nossos inimigos atacam sem piedade, com toda a violência de que são capazes e assim somos invadidos pela dor de cabeça e dor de garganta, pela febre e dor no corpo, pela coriza e tosse, por um mal estar geral que nos toma conta do corpo e da alma.
                            Nosso pensamento se torna obssessivo: cama, cama, cama. Só pensamos em deitar, só queremos nos atirar em uma cama e ficar quietos, de olhos fechados, sem precisar falar, sem precisar ouvir, sem precisar fazer nada, só ficar imóveis, esquecer tudo e torcer pra que isso passe  logo.
                             No primeiro dia sentimos os sintomas e já ficamos apreensivos. Ela vai chegar...Ela chegou.
                             À noite, enquanto dormimos, nossos invasores, aproveitando-se do nosso descuido tomam conta do nosso corpo e por que não? Da nossa alma também, já que ela, solidária com o corpo que habita sente com ele todas as mazelas que o atacam.
                              Durante o sono. Sono? Não sabemos se estamos dormindo ou acordados, somos atirados em estranhos labirintos onde se misturam realidade e sonhos. Pensamos que estamos acordados, mas quando acordamos descobrimos que estávamos dormindo. Acordamos cansados e alquebrados.
                               No segundo dia já estamos completamente entregues a ela e tentar resistir é perda de tempo e de energia. Estamos desesperadamente desanimados ou desanimadamente desesperados. Deprimidos e cansados, irritados e tristes, com vontade de chorar sem saber porque. Vontade louca de se livrar daquela coisa que sem a menor cerimônia se apoderou de nós e parece que está achando ótimo, muito bem instalada e sem pressa de ir embora.
                               No terceiro dia começa nossa reação, nos sentimos mais animados e menos deprimidos.
                               Começamos a ter esperanças em nossa libertação. Nossas defesas entram em atividade e começam a lutar energicamente pra nos livrar dos intrusos conseguindo vitórias compensadoras. Alguns são mais relutantes, mais persistentes, como é o caso da tosse, da febre, às vezes, mas em geral o resultado é satisfatório e nossos inimigos vão sendo expulsos um a um e cada dia que passa nos sentimos melhor.
                               Pronto. Ela se foi, mas ainda nos deixou a ressaca, o cansaço pela luta que foi travada, tendo como campo de batalha o nosso corpo, é natural que sintamos o reflexo dessa luta.
                               Saimos vencedores, apesar de algumas avarias que em poucos dias serão reparadas e então, livres, estaremos prontos para viver.
                                De quem estou falando? Ora, de quem haveria de ser? Dela, da gripe. 

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Convite







           Olho no espelho e vejo o reflexo de um rosto confiante que me convida a viver.
           E eu, confusa, hesito.
           Mas o convite é tão veemente, o olhar tão intenso e o sorriso tão amigo,
           que eu, desarmada e excitada me entrego.
           E juntos, de mãos dadas, o reflexo e eu vamos em busca da vida.

Teu Rosto





                   Teu rosto parece um céu nublado. Por que não choras? Não podes? Ah! Entendo. Sempre que te magoavam, te humilhavam, tu engolias as lágrimas, orgulhoso e impenetrável, mas por dentro um furacão te corroía prestes a explodir e tu aguentavas firme e depois que a fúria passava ficava um vazio angustiante, um nó na garganta e o teu rosto querido, tão tenso, espelhava a tua luta interior. E então, um dia, às vezes sem mais nem porque, outras vezes após um dia cheio de preocupações tu choravas por todas aquelas lágrimas sufocadas e essas lágrimas lavavam todas as tuas tristezas e o teu rosto se desanuviava, ficava límpido como um céu azul e os teus olhos profundos brilhavam intensamente, tua boca se abria num sorriso cristalino de tão puro. E agora tu me dizes que não podes chorar, que de tanto sufocares as lágrimas, mesmo com esta vontade louca de chorar, elas não brotam dos teus olhos e parece que estão presas na garganta. Ou será na alma? Não importa, é preciso chorar...Mas o que é isto? É uma lágrima que está rolando pelo teu rosto! É sim! E mais outra! E outra! Tu conseguiste! Teu rosto está banhado pelas lágrimas, elas saltam, com fúria, dos teus olhos e rolam livres. Tu estás chorando! 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Vida Cruel





                    Vontade de chorar.
                    Tristeza, alegria.
                    Emoções misturadas.
                    A vida é cruel.
                    A amiga definhando numa cama de hospital, morrendo, sofrendo; a gente dando graças a Deus por estar com saúde.
                     Lágrimas e risos.
                     Felicidade, sol, luz, desejo de liberdade, sensação gostosa de ser feliz.
                     E a tristeza pela amiga se desintegrando, moribunda, gemendo, sofrendo.
                     Risos e lágrimas.
                     Fé na Vida. Fé em Deus.
                     Vida louca. Vida cruel. Vida.

Angústia




        

                       O que é angústia? Angústia é um dos piores inimigos do ser humano. Se o tédio é o inimigo cinzento, a angústia é com certeza o inimigo negro, sem que isso signifique qualquer alusão à raça.
                       Surge de repente ou então após um longo período de latência é despertada por um estímulo externo ou interno, importante ou insignificante.
                       Às vezes os sinais de alarme são acionados e sentimos que ela se aproxima, outras vezes chega de surpresa. Não importa como nos ataca nem os meios usados para isso, o assalto é sempre feroz, nos sentimos uma presa indefesa devorada por um animal faminto.
                       Somos jogados num abismo insondável e nos sentimos sós, muito sós, pensamos nos amigos e nas pessoas mais queridas que poderiam nos ajudar, mas outro pensamento nos atravessa como uma flecha e vai cravar-se em nosso coração: só posso contar comigo pra sair deste abismo, só, só comigo, com ninguém mais, mas o pior é que estou muito longe e não posso me socorrer.
                        E então ficamos à mercê deste inimigo, sem poder fazer nada, nada, apenas esperar.
                        Nosso corpo é atingido, assim como nossa alma. Suor, frio, náusea, calor, agitação, abatimento, desespero, prostração, tudo se mistura e se confunde em nosso pobre corpo. Nosso rosto se transforma numa máscara feia e grotesca, com os músculos faciais rígidos e tensos, a boca apertada num ritus amargo e os olhos arregalados e brilhantes, mas vazios e inexpressivos.
                         Nossa alma é torcida, despedaçada; temos a impressão de que está sendo arrancada. Estamos perdidos, buscando de uma maneira meio desvairada, força dentro de nós para sairmos deste buraco, mas nossa força está amarrada, subjugada e nos sentimos fracos.
                          Durante a luta somos acometidos por pequenos relâmpagos interiores que nos mostram o clarão de uma luz no fim do túnel ou do buraco, mas logo somos atirados na mais profunda escuridão, na mais absoluta das trevas e assim continuamos inúmeras vezes passando da luz à escuridão e da escuridão à luz. Perdemos a noção do tempo e não sabemos se isso durou minutos, horas ou dias.
                          Quando conseguimos nos libertar estamos cansados e meio bobos.
                          Estamos trôpegos e enfraquecidos e nos apoiamos inseguros  nos braços da vida. Outras vezes saltamos da mais compacta das trevas para a mais fulgurante das luzes e mesmo cambaleantes e esgotados nos atiramos confiantes nesses braços abertos da vida. 

domingo, 13 de janeiro de 2013

O Sentido das Coisas




              

               Nada é vão neste mundo dos sentidos.
               Tudo tem um sentido.
               Até o que nos parece sem sentido
               Tem o grande sentido de ser sem sentido.





                  Pensamentos ao Vento


                 Te amo tanto, sabes? Parece que este amor é o meu outro lado. O complemento que faltava.




                  Obrigada por não me amar, só me desejar, assim posso brigar com meu coração. O que isto significa? Não sei, mas também não importa. As coisas sem sentido, às vezes têm mais sentido do que as com sentido. Que confuso!



                 A vida é um labirinto; quero me perder nele contigo.

                

                 Os olhos escondem os segredos insondáveis da alma.

      
        

Dia de Domingo




                        

                 Manhã de domingo, preguiçosa às vezes, agitada outras, que se espicha e alcança a tarde que segue em modorra lentamente, mas que passa tão rápida e já deixa no ar um prenúncio de tristeza pelo dia que passa, uma saudade do fim de semana que termina. E logo mais a noite vem cheia de promessas e ao mesmo tempo  trazendo na esteira a segunda-feira dos compromissos e muito trabalho. A noite se estende e quase emenda com a manhã do recomeço da rotina, do corre-corre, do tudo outra vez e assim interminavelmente outra semana passa e outro fim de semana vem e outra semana passa e outro fim de semana vem e outra semana...

sábado, 12 de janeiro de 2013

No Silêncio Desta Noite



                 

                    No silêncio desta noite quero descobrir que te amo. Quero dizer que te amo. No silêncio desta noite quero descobrir detalhes sobre mim, sobre ti, sobre nós; no silêncio desta noite quero saber de ti tudo que te interessa, quero que saibas de mim, tudo que me interessa. No silêncio desta noite quero saber teus gostos, teus desejos, quero que saibas meus gostos, meus desejos; no silêncio desta noite quero saber de tuas ânsias, teus medos, quero que saibas das minhas ânsias, dos meus medos. No silêncio desta noite quero que sejas mais que um amor e mais que um amante, quero que sejas amigo e confidente, quero ser mais que um amor e mais que uma amante, quero ser amiga e confidente; no silêncio desta noite quero que tua alma saiba da minha os mais secretos sonhos e anseios, quero que minha alma saiba da tua os mais secretos sonhos e anseios; no silêncio desta noite quero que o amor se faça de forma completa. No silêncio desta noite quero viver contigo o milagre do verdadeiro amor.

Êxtase




                      Chuva. Chuva que lava minha alma e meu rosto. Me deixa louca, mexe com minhas emoções, agita minhas águas interiores.
                       Chuva gostosa, molhando meu corpo, colando minha roupa, escorrendo pelos meus cabelos, invadindo meus olhos, minha boca, me fazendo prová-la, sentir seu gosto, seu sabor de liberdade.
                       Chuva maluca tomando conta de mim, me convidando pra cantar e dançar uma canção de amor, me arrastando e me envolvendo num redemoinho de pensamentos desencontrados, doidos, ilógicos.
                        Chuva purificadora, levando pra longe meus medos, minhas mágoas e angústias.
                        Chuva amiga, partilhando cúmplice dos meus anseios e desejos mais loucos, sussurrando cariciosa em meu ouvido que tudo é possível se acreditarmos em nossos sonhos.
                         Chuva travessa, penetrando através de minhas roupas e deslizando pelo meu corpo numa terna carícia.
                          Chuva arrebatadora me envolvendo, me confundindo e se fundindo comigo, me fazendo rir e chorar, cantar e dançar, me entregar e integrar numa louca alegria, comungando com o Universo o milagre da vida. 

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Lágrimas (Chora!)




                      Por que engoles as lágrimas? Por quê? Deixa que elas corram soltas pelo teu rosto. Chora, mas chora tanto que as tuas lágrimas lavem todas as tuas tristezas. Chora. Deixa que as lágrimas brotem em borbotões e lavem teu rosto, tua alma, teu coração, tuas vontades e tuas mágoas. Chora. Não te importes com as marcas do pranto no teu rosto e nos teus olhos. Não te importes com o que os outros vão comentar. Chora apenas. Chora por aquilo que te interessa e por aquilo que não te interessa. Chora.
                       Deixa que as grossas lágrimas que caem dos teus olhos se misturem com os pingos da chuva ou quem sabe queimem o teu rosto aquecidas pelo sol. Chora em qualquer hora, em qualquer dia, qualquer lugar. Chora. Chora quando fizer frio, calor, chuva, sol, garoa ou cerração. Chora. Junta ao mar as tuas lágrimas, ou quem sabe junta ao lago ou à piscina, mas chora, chora muito. Chora o amor perdido, o brinquedo quebrado, o sorriso da criança, o olhar da pessoa amada, o perfume da flor, o mistério da noite, a beleza do dia, a terna melancolia da chuva, a doce suavidade do crepúsculo, a beleza agressiva do amanhecer, rompendo o dia e abraçando a terra na ânsia louca de possuí-la. Chora. Chora de emoção. É tão gostoso. E, principalmente, chora o sorriso ou sorri a lágrima. Chora e ri, risos e lágrimas, o ápice da emoção explodindo em lágrimas e risos. É vida. É sentimento. É amor. É tudo e é nada ao mesmo tempo.

É Noite




                      Piratini...É noite.
                      Uma noite clara, lua cheia, estrelas brilhando.
                      Uma noite que me fala de ti.
                      Da pureza dos teus olhos negros.
                      Da beleza do teu rosto moreno.
                      Do mistério que se esconde sob os teus cabelos negros, tão negros como a noite.
                      Noite que me faz pensar em ti e me perguntar:
                      - O que estará fazendo agora, neste exato momento? Talvez esteja nos braços de alguém e entre beijos e abraços sussurrando palavras de amor e isso me enlouquece porque te amo e não consigo imaginá-lo nos braços de outra.
                      O vento sopra forte despertando a noite e eu ouço teu nome na sua voz.
                      Não consigo dormir pensando em ti e tu talvez nem lembres mais que eu existo, mas se já me esqueceste eu aviso: eu existo e te amo. E como te amo! 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Casinha Triste





                            Casinha triste à beira do caminho, tão pequenina, toda molhada da chuva que cai como um manto encobrindo tudo.
                             Tão abandonada, tão sozinha, tão encolhidinha. Parece até que tem frio.






                                             Frases ao Vento

                -  Minha alma cansada precisa da tua pra continuar a caminhada.
               


                - Duas linhas infinitamente paralelas, infinitamente juntas e infinitamente  
                   separadas.



               - Ai que vontade dá, às vezes, de mandar tudo para o espaço, pra lua e ficar aqui... pra inventar tudo de novo, de maneira diferente, ou talvez, igual.


                - E gargalhar e gargalhar, dar piruetas e cantar.

Amor ou Medo da Solidão




               Dizemos te amo, mas será amor ou medo  de ficarmos sozinhos, sem ninguém que nos faça um carinho ou converse conosco? O trabalho, a vida social, os estudos, tudo é tão intenso que agimos como máquinas pensantes e então quando ficamos sozinhos, mesmo que seja por instantes, o fantasma da solidão nos asssusta e então brincamos  de "esconde-esconde" com a verdade, enganando a nós mesmos.
                Fugimos da solidão e atiramo-nos na mentira, no faz-de-conta que eu te amo.           
                 E assim quando nos sentimos sozinhos, refugiamo-nos um nos braços do outro e então pensamos realmente que amamos, mas não é verdade, é só a necessidade de termos alguém ao nosso lado, alguém que nos diga coisas agradáveis e que nos faça carinho, é só o medo da solidão.
                É hora de parar com esta brincadeira idiota, este faz-de-conta; é hora de encarar a realidade, não nos amamos, sentimos necessidade um do outro sim, mas de maneira diferente, nos necessitamos como amigos.
                Vamos parar de nos enganar. Sejamos amigos tão somente!


quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Nosso Amor




                         Nosso amor é uma doce loucura. Tem a força e a impetuosidade das tempestades e a suave ternura das calmarias.
                         Nosso amor é como o mar, arrebatador e tranquilo. Às vezes é a paixão que nos devora, que nos joga um nos braços do outro, esquecidos de tudo. Outras, é uma terna carícia, um profundo e sensato amor, Nos amamos com a emoção e a razão, com a cabeça e o coração; por isso nosso amor é tão forte, porque nos amamos de forma total, completa e não apenas com um lado da moeda do amor; mas com os dois, o físico e o espiritual. Nosso amor é assim, como a fúria das ondas a quebrarem na praia, como o doce murmúrio de uma cachoeira.
                           Com paixão e com ternura, assim é o nosso amor!

Tarde Morna



                Um sábado de inverno, mas quente, úmido e silencioso; destes dias em que, por mais barulho que se faça, não adianta, o silêncio continua; crianças brincando, gente falando, carros que passam, buzinas...e o silêncio, um dia deprimente, com este ar abafado dos dias que estão para chover.
                 Um galo canta longe, outro mais perto, os cães latem, pessoas passam na rua, o relógio marca o seu tic-tac incansável e mesmo que eu ligue o rádio, a televisão ou coloque uma música pra ouvir este silêncio continua e vai continuar. Ele está no ar.
                  O sol desapareceu, o céu ficou nublado e parece  que uma garoa se aproxima. É bom, não gosto destes dias assim, me deixam deprimida. Prefiro a chuva. Calma e gostosa.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Busca




            Busquei o sonho perdido nas dobras do tempo.
            As dobras se desfizeram e o sonho se perdeu.
            Busquei a lembrança das tuas mãos nas minhas,
            Mas minhas mãos tombaram desfalecidas e sedentas.
            Busquei o som da tua voz em meu ouvido, mas só ouvi o uivo do vento gritando: insensata!
            Busquei o calor do teu beijo, mas meus lábios secos só sentiram o frio da saudade.
             Busquei a emoção do teu olhar perdido no meu, mas meus olhos ressecados e ardentes ficaram insensíveis.
             Busquei tua presença amiga e só encontrei o...vazio.











Almir Zaky



                    Eu andava na rua, uma tarde, tinha ido ao Banco e retornava ao escritório onde trabalho, quando uma senhora que vinha em sentido contrário ao meu, perguntou ainda de longe:
                      - Será que o Almir Zaky pode me atender agora? A princípio pensei que não fosse comigo. Afinal, o que eu tenho a ver com Almir Zaky? Continuei andando como se nada tivesse acontecido.
                     Quando chegou mais perto ela fez a mesma pergunta:
                      - Será que ele pode me atender agora?
                      - Ele? Ele quem?
                      - O Almir Zaky.
                      - Almir Zaky? Quem é?
                      - Ué! Não sabe?!  Ele vem todas as quartas.
                      - Ah, não sabia.
                      - Engraçado, mora aqui na cidade e não sabe. Ele  faz a corrente do pensamento positivo. Cura as pessoas só com palavras e a força do pensamento, sem precisar ir a médicos e tomar remédios. Ele sabe tudo, adivinha tudo sem a gente dizer nada.
                       - Curou quem?
                       - Não sei, ele disse que já curou muita gente.
                       - Ah! Ele disse. Eu acredito realmente.
                       - Disse. E não cobra nada. A gente só dá uma colaboração em troca de umas lembrancinhas abençoadas, lencinhos, livros, fotos, perfumes, tudo com o nome dele ali escrito.
                       - Abençoadas por quem?
                       - Por ele, ora. Ele abençoa dizendo uma oração sobre as lembrancinhas e quem usar fica livre dos espíritos maus.
                       - Espíritos maus? Quem são?
                       - Ora, mas que pergunta! Devia ir a uma das reuniões dele. Os espíritos maus são os responsáveis por todas as coisas ruins que acontecem, a plantação que não dá, ou até uma dor de cabeça pode ser causada por "eles". Não acredita?
                       - Claro que acredito. A senhora tem razão. É preciso ter muita fé em Deus pra nos livrar de todos os males.  
                        - É. Ele diz que temos que participar da corrente dele, porque muitos falam, mas ele sabe o verdadeiro sentido da Palavra de Deus. Ele é o escolhido pra falar pra toda gente o que Deus quer dizer.
                        - Como é que ele sabe que é o escolhido?
                        - Sei lá, coisa dele lá, acho que ele falou que foi uma revelação divina.
                        - Ah! Ele disse isso?
                        - É. Sabe, eu vim lá de fora e tenho que ir hoje , no ônibus das quatro horas. Queria tanto que ele me atendesse agora. Acho que ele me atende, não é?
                        - Sinto muito, minha senhora, não sei lhe dizer nada, nem sabia que vinha aqui alguém chamado Almir Zaky. Mas com certeza ele deve lhe atender.
                         - Pois é, vou ver se ele pode me atender. Tem tanta gente sempre pra consultar com ele. Até logo.
                         - Até logo. E boa sorte!
                         Ela já havia se afastado um pouco, parou, olhou pra trás e perguntou outra vez:
                        - Será que ele me atende?
                        Eu me limitei a dizer: - não sei, acho que sim, e voltei a andar depressa antes que me perguntasse outra vez a mesma coisa.                       

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Emoções




                          De repente o fim do jogo, o fim do sofrimento. O sufoco acabou, o grito preso na garganta explodiu, as lágrimas e o sorriso se misturam formando uma máscara de felicidade e emoção, a tensão desmorona.
                          O coração disparou, a alma enlouqueceu e o corpo foi percorrido por ondas de calor, frio, suor e arrepios.
                            Uma loucura arrebatadora toma conta do corpo e da alma.

As Mãos do Pianista



                  Ele estava parado, sentado, olhando fixamente o sangue que escorria dos seus dedos esmigalhados. Agora tudo estava acabado, seus dedos não mais podiam arrancar sons do velho piano. A tortura tinha acabado. Ou começado? Não sabia. A única coisa que sabia é que estava ficando louco com os pesadelos, o medo doentio de que acontecesse alguma coisa com seus dedos e não pudesse mais tocar. Às vezes acordava no meio da noite, suando, em pânico e procurava como um desesperado as mãos, apalpava-as com loucura, tinha medo até de machucá-las durante o sono, deitar sobre elas e impedir que continuassem as mesmas mãos ágeis que deslizavam como pombas brancas sobre o piano. Não sabia o que fazer com as mãos quando deitava, não sabia onde colocá-las pra ficarem protegidas. E os pesadelos? Ah! Eram insuportáveis. Sonhava que arrancavam seus dedos um por um entre gargalhadas horripilantes, sonhava que suas mãos estavam atrofiadas, que se negavam a obedecê-lo, que não tinha mãos, mas apenas ganchos que arranhavam em vez de tocar. Acordava suando, gritando às vezes, chorando, tremendo, um pavor tomava conta de seu corpo e de sua alma. Era tão difícil conviver com aquelas mãos maravilhosas, pensava até colocá-las numa redoma, mas e se o vidro quebrasse cortaria seus dedos, inutilizaria seus dedos. Quando andava pela rua tinha medo  de ser atropelado e perder as mãos; se carregava qualquer coisa por mais leve que fosse temia ficar trêmulo e estragar tudo. Até apertar a mão de uma pessoa era uma tortura, podia machucar seus dedos. Uma vez pensou fazer um seguro para suas mãos, mas acabou desistindo, afinal se acontecesse alguma coisa com elas o que adiantaria um seguro? Não iria restituí-las. O máximo que poderia acontecer era receber aquelas horríveis mãos de borracha ou sei la o quê; nunca aquelas mãos, as suas mãos.
                  Vivia isolado, as pessoas deliravam com suas apresentações, mas tinham pena dele, achavam-no louco; os amigos se afastaram, ele os enxotara, não queria ninguém por perto, significava perigo para sua mãos.
                   Tudo o que ia fazer constituía um drama. E se acontece um acidente com as minhas mãos? Ficava quase louco, derrubava tudo, não conseguia fazer nada. Estava enlouquecendo.
                    Às vezes ficava horas olhando para as mãos, admirando-as, e um pavor o assaltava, E se eu perder as minhas mãos? O que será de mim? Não sei viver sem elas. Não sou ninguém sem elas. Eu morro sem as minhas mãos.
                     Um dia foi à fábrica de um amigo fazer uma apresentação para os empregados; depois da apresentação foi convidado para conhecer a fábrica e foi então que viu uma máquina triturando um concentrado para ser enlatado. Pronto. A máquina se tornou uma obsessão. Aparecia nos seus pesadelos triturando seus dedos para serem enlatados ou a qualquer hora do dia lá estava ela atraindo e causando horror. Até que não aguentou mais, num momento de desespero voou para a fábrica e diante dos operários paralizados pela surpresa meteu as mãos na máquina que esmigalhou seus dedos e ele então entre aliviado e desesperado riu e chorou e depois veio a apatia e ficou olhando para aquela massa disforme que antes havia sido suas mãos maravilhosas que arrancavam melodias mais maravilhosas ainda do velho piano. Agora as suas mãos não passavam de um monte de carne ensanguentado. As suas mãos! Aquelas mãos!

domingo, 6 de janeiro de 2013

Noite de Amor



                 O sol desapareceu com um ar brejeiro e cúmplice.
                 A lua surgiu mais bela do que nunca e as estrelas colocaram mais brilho em sua luz.
                As flores desabrocharam sem se importarem com a hora e exalaram o seu melhor perfume e até os pássaros resolveram fazer serenata.
                 O sereno se derramou em belas gotas de diamante e da terra brotou um cheiro ao mesmo tempo agreste e suave. Tudo isso só pra nós.
               Estava tudo preparado e a noite desceu nos envolvendo com seu romantismo e então o nosso amor aconteceu.