domingo, 17 de março de 2013

Homens ou Ratos?




                          ...E era uma terra de ratos. Ratos que se devoravam, se odiavam. Ratos que sugavam seu próprio sangue nas veias dilaceradas de seus irmãos. Ratos que destruiam seus irmãos, ratos que destruiam os estranhos, os estrangeiros.
                          Animais mesquinhos que só sabiam odiar...matar. Ratos que não sabiam amar, que viviam na ilusão de lutar pra vencer. Vencer o quê, a quem? A si próprios. Devoravam-se e então quem mais devorava, quem mais odiava e quem mais agredia, estampava um sorriso amargo e cruel no rosto e dizia que tinha vencido.
                          Pobres animais estúpidos, desprezavam a harmonia da convivência, a felicidade de viverem em paz consigo e com os irmãos pra viverem no ódio. Ratos sem alma, ratos covardes que sem coragem de enfrentarem o verdadeiro inimigo - a ganância, a inveja e a mesquinhez dos seus corações - se atiravam uns contra os outros na cegueira imbecil e idiota do egoísmo e achavam, ou queriam achar, que quanto mais bens materiais, elogios e poder - falsos elogios e falso poder, por sinal; quem é falso só pode receber coisas falsas - recebessem, mais felizes seriam e então seriam vitoriosos. E assim essa estranha nação ruía, se desfacelava e seus pobres habitantes andavam às tontas, sem nada em que se apoiarem. Seus irmãos...Irmãos?! Estranha palavra que nada significava para eles. Pois é, não podiam contar com seus irmãos, com seus amigos, porque já haviam destruído tudo. Não havia mais sentimento, emoção, amor. Só ódio e uma grande amargura.
                  Andavam pelas ruas como se fossem fantasmas, seus corpos sem alma vagavam sem rumo pelas ruelas sem fim daquele mundo sem saída. Seus rostos eram tristes, suas expressões amargas, seus olhos sem brilho, apagados, seus passos eram pesados como se carregassem o mundo em suas costas.
                   O sorriso era uma careta grotesca e as lágrimas estavam congeladas. Tudo estava perdido. Era tarde demais. Queriam mudar, mas já não era possível. Tanto amor, tanta beleza, eles transformaram em ódio e sujeira, maldade e egoísmo. Nada mais restava. Eles se destruíram, se acabaram, se exterminaram...E então apareceu um gato...

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