Não há nada mais deprimente do que fazer aos domingos o que deve ser feito aos domingos.
Um silêncio desolador pelas ruas da cidade, o aglomero de gente em determinados lugares, fileira de carros parados nas avenidas com seus ocupantes observando-se uns aos outros, algum evento monopolizando atenções, muitas vezes sem grande interesse, mas afinal é domingo e não tem nada mesmo pra se fazer.
As crianças nas praças brincando, gritando, os namorados de mãos dadas andando sem destino ou pelos parques, aos abraços e beijos, os casais passeando pelas ruas meio sem saberem o que fazer, mas é domingo e ficar em casa fazendo o quê? Parece que ninguém sabe.
O silêncio das casas com suas portas e janelas fechadas, o comércio fechado, aquela tristeza pelo ar. Tudo tão monótono, tão sem graça.
A roupa domingueira, frase que combina exatamente com o verdadeiro sentido que encerra. Pobre, sem imaginação, convencional, sem criatividade.
O pijama, os chinelos, a TV, os programas vazios e de péssimo gosto. Tudo isso é domingo.
E o bom livro, a conversa gostosa, o aconchego da casa, nada dissso faz parte do domingo? Não sei. É tudo tão vazio. Tão domingo. Tudo é assim porque é domingo e se é domingo tem que ser assim. Não está escrito em lugar algum, mas é assim e pronto. É domingo.
Uma agitação latente onde está tudo quieto, nas ruas, nas casas, no ar, nas pessoas; um silêncio falso. Uma quietude infiltrada na agitação dos grupos, dos risos, das brincadeiras; alegrias e movimentos falsos. É domingo.
Oi, Maria Altina,
ResponderExcluirAdoro esta crônica.
Parabéns por transformar um simples assunto em um lindo texto.
Beijos,
Aline Medeiros