segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Angústia




        

                       O que é angústia? Angústia é um dos piores inimigos do ser humano. Se o tédio é o inimigo cinzento, a angústia é com certeza o inimigo negro, sem que isso signifique qualquer alusão à raça.
                       Surge de repente ou então após um longo período de latência é despertada por um estímulo externo ou interno, importante ou insignificante.
                       Às vezes os sinais de alarme são acionados e sentimos que ela se aproxima, outras vezes chega de surpresa. Não importa como nos ataca nem os meios usados para isso, o assalto é sempre feroz, nos sentimos uma presa indefesa devorada por um animal faminto.
                       Somos jogados num abismo insondável e nos sentimos sós, muito sós, pensamos nos amigos e nas pessoas mais queridas que poderiam nos ajudar, mas outro pensamento nos atravessa como uma flecha e vai cravar-se em nosso coração: só posso contar comigo pra sair deste abismo, só, só comigo, com ninguém mais, mas o pior é que estou muito longe e não posso me socorrer.
                        E então ficamos à mercê deste inimigo, sem poder fazer nada, nada, apenas esperar.
                        Nosso corpo é atingido, assim como nossa alma. Suor, frio, náusea, calor, agitação, abatimento, desespero, prostração, tudo se mistura e se confunde em nosso pobre corpo. Nosso rosto se transforma numa máscara feia e grotesca, com os músculos faciais rígidos e tensos, a boca apertada num ritus amargo e os olhos arregalados e brilhantes, mas vazios e inexpressivos.
                         Nossa alma é torcida, despedaçada; temos a impressão de que está sendo arrancada. Estamos perdidos, buscando de uma maneira meio desvairada, força dentro de nós para sairmos deste buraco, mas nossa força está amarrada, subjugada e nos sentimos fracos.
                          Durante a luta somos acometidos por pequenos relâmpagos interiores que nos mostram o clarão de uma luz no fim do túnel ou do buraco, mas logo somos atirados na mais profunda escuridão, na mais absoluta das trevas e assim continuamos inúmeras vezes passando da luz à escuridão e da escuridão à luz. Perdemos a noção do tempo e não sabemos se isso durou minutos, horas ou dias.
                          Quando conseguimos nos libertar estamos cansados e meio bobos.
                          Estamos trôpegos e enfraquecidos e nos apoiamos inseguros  nos braços da vida. Outras vezes saltamos da mais compacta das trevas para a mais fulgurante das luzes e mesmo cambaleantes e esgotados nos atiramos confiantes nesses braços abertos da vida. 

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