quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Tempo





                É incrível. O tempo corre vertiginosamente e eu não tenho tempo.
                Não tenho tempo pra vida, não tenho tempo, não estou conseguindo acompanhar o tempo, eu nem percebo que tempo é e o tempo já passou, tal é a pressa que tem o tempo.
               Mas hoje eu pedi tempo ao tempo pra falar do tempo, interessante, não? Mas falar o quê, se eu não tenho tempo de ver as coisas, de sentí-las, de viver?
               A vida é cronometrada, temos que observar as horas sempre, vivemos em função do relógio, a máquina do tempo. A frase mais comum em nossa vida é: é hora de levantar, é hora de ir para a escola, é hora de ir para o trabalho, é hora, é hora, é hora...é hora pra tudo. Que sufoco! Que bom se a gente pudesse esquecer o relógio, deixar o tempo à vontade, sem termos que fazê-lo "esticar" para podermos fazer tudo que queremos e precisamos.
             Ah, que bom poder esquecer o tempo e não ficar querendo que ele parasse pelo menos um pouquinho. Ah, que vontade de fazê-lo parar, às vezes. Que pressa tem o tempo! No entanto, somos contraditórios e às vezes queremos que o tempo voe e o tempo parece arrastar-se, parece fazer pirraça com a gente, parece que agora é ele quem não quer passar, quem quer parar. Parece que cansou. E a gente fica dizendo: este tempo não passa, tá se arrastando. Mas o tempo é o mesmo, continua passando hoje, como passava há séculos e como irá passar daqui a séculos; ele continua inabalável, nós é que fizemos com que ele voe ou se arraste, depende só e unicamente do nosso estado de espírito.
             Que bom esquecer o relógio, deixar que o tempo passe com pressa ou sem pressa, livre, sentí-lo somente, viver sem cronometragem, sentir o hálito puro das matas, a brisa perfumada da primavera, pisar as folhas secas do outono, sentir a noite com seus mistérios, o magnetismo da lua, a beleza profunda das estrelas, olhar a chuva que cai, viver cada momento sem pressa, como se todo o tempo do mundo nos pertencesse. Ah, como seria bom!

Um comentário:

Comentários