domingo, 6 de janeiro de 2013

Prisioneira



                Anda de um lado pra outro, para, senta, torna levantar , anda em círculos, em diagonal, em linha reta, senta, torna a repetir o ritual, continuamente, infinitamente. Sente-se uma fera enjaulada.
                 - Estas paredes me sufocam, se estreitam, se fecham, tenho que andar antes que me esmaguem de uma vez.
                 Estas janelas fechadas, gradeadas, impedem a luz, não a deixam entrar, nem os raios do sol, nem os respingos da chuva, o vento que gela e o calor que amolece. Só esta coisa morna, mórbida, monótona, me agarrando com suas garras, cravando seus dentes em minha carne, ou será na alma?
                 Este silêncio torturante, pesado, compacto, nem um som de gente, de bicho, de coisa, nada, só o vazio, o vazio que alucina. Este buraco imenso entre o EU e o MUNDO. Este abismo. Este abismo...Não posso saltar. Se saltar será o fim.
                  Tudo cinza, tudo cinza(eu até gosto da cor cinza), mas aqui é só cinza, tudo cinza, tudo morno, tudo parado, tudo estático, sem vibração.
                  O corpo mole, entorpecido, as idéias embaralhadas, confusas, os pensamentos pegajosos, sonolentos, sem vontade, sem resistências, deixando-se levar sem saber pra onde. Para o fundo do abismo, sem retorno, sem volta, Não fazer nada, deixar-se ir...ir...ir...
                  Um estremecimento sacode o seu corpo. Acorda. Acorda? Não estava dormindo. Por que esta sensação de estar acordando? Suada, trêmula, cansada, o corpo doído, a cabeça girando, idéias e pensamentos baratinados, chocando-se; imagens estranhas, surrealistas povoam sua mente. Sensação estranha de retorno. Retorno de um lugar terrível, um abismo, Sensação de liberdade. Estranha, mas em paz, é assim que se sente, Sai pra rua.  
                 

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