sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Cigarra




                Este teu canto estridente, pungente, faz a alma da gente pensar. Desperta sentimentos latentes que a gente nem sabe que sente. De repente, teu canto faz  explodir lembranças tão ausentes, tão distantes, não se sabe de quê, nem de quem, como tu, cigarra, que dizem cantar até explodir. Será verdade? Prefiro acreditar que não. Mas este teu canto curto, repetido, terminando sempre num prolongado, interminável gemido, dá uma tristeza danada! Oh! cigarra, não morre. Precisamos de ti. Eu sei que sempre tem uma, várias cigarras, mas tu, tu que neste lamento prolongado e preguiçoso, rasgaste a alma da gente; tu continuas viva, pra repetires teu canto? Sim. Eu quero que sim.
                 Este teu canto plangente, tão desesperado e cadente, cria uma expectativa dolente, prende a atenção da gente, fica-se esperando o grito longo e lancinante que fere o ar e mexe com a gente. É como um grito de liberdade, o teu, o meu, o nosso grito de liberdade pra depois começar(ou recomeçar) todo o ritual novamente. Oh, cigarra, não pára nunca de cantar.

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