Chove.
As ruas e calçadas molhadas refletem um céu de chumbo.
Olha-se numa poça d'água e vê um rosto.
Um rosto inexpressivo, vazio e triste.
Pergunta: De quem é este rosto?
A imagem responde: Teu.
Meu?! Este rosto é meu?!
Que queres? Sou apenas reflexo. Não tenho culpa se não gostas do teu rosto.
Fica em silêncio, olhando.
Aquele rosto, aqueles olhos, não lhe dizem nada.
Sua boca continua calada.
Mas dos seus olhos duas lágrimas libertadores rolam e caem na água, formando círculos concêntricos.
Vai embora deixando ali um pouquinho de si e levando consigo um pouquinho daquela poça d'água e daquele momento.
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